sábado, 22 de fevereiro de 2014

Um pouco de Música: 150 Álbuns que você precisa ouvir antes de morrer!


Olá meus caros leitores, e blogueiros, e... afins!!
Preparei esse post especialmente com o intuito de me dirigir a vocês de uma maneira bem... MUSICAL! Exatamente isso, estive pensando naqueles ritmos que compõem um pouco da trajetória de muitos de nós. É bem verdade (até demais) que sempre temos conosco aquela música que nos chamou (ou ainda nos chama) atenção em certa fase de nossa vida, se tornando um marco. Aquela Balada Romântica, ou aquele Dance que ouvimos na pista, ou aquele Pop... e o divertido Disco, o fantástico Soul, o histórico Jazz, o desde sempre Blues, presentes nos vinis de nossos pais, ou em nossos CD’s, ou até mesmo (esse último mais fácil) nos shows que temos em DVD (ou agora, em Bluray)? Guardamos conosco aquela letra, aquele solo que nossos simples dedos (e mãos também, ora bolas!) procuram imitar (ou vai dizer que nunca fizestes isso?), seja este da poderosa guitarra, ou do ditado baixo, do lendário violão, da amiga bateria... e aquele discreto, mas brilhante piano? Ou quem sabe, o exagerado órgão? Ah, sem deixar de mencionar aquele agudo que você tenta imitar quando tá no chuveiro (isso mesmo seu(ua) cantor(a) de banheiro!), que vossas senhorias juram que ficou melhor do que o do próprio cantor (tenha vergonha)! Certo, há também aquele vozeamento poderoso do Elvis e do Sinatra – habilite-se! Interessante como ela (a música) mexe conosco, e demora a sair de nossas mentes. Em muitas oportunidades temos que ouvi-la sucessivas vezes, em outras tantas, em uma sequência absurda até decorar aquela letra que nos chamou atenção – certo, apenas eu quem fiz isso?
Pensando em vocês, preparei uma seleção de cento e cinquenta álbuns (isso mesmo, 150!) que vossas excelências de ouvido aguçado (como eu) deveriam ouvir pelo menos uma vez na ainda longa vida de vocês. Isso mesmo, fiz isso para você.
Lembrando apenas uma coisa: que NÃO SÃO TRABALHOS DE TODOS OS PAÍSES (até porque temos muito mais países, concordam?); apenas selecionei alguns cantores, nacionais e internacionais, os quais gosto, e tenho certeza de que você também “curte” (acredito que sim, não é?), e resolvi compartilhar aqui, nesse nosso espaço, com vocês, respeitável público! E então, quem se encontra disposto a passear pelos anos 50, deixar crescer os cabelos nos anos 60, colocar aquelas roupas apertadinhas “a la John Travolta” em “Saturday Night Fever” nos anos 70; nos apaixonar com a criatividade, magnetismo e magia dos anos 80, e visitar a contemporaneidade dos anos 90 e 2000? Ah, antes que a memória venha a me trair, NÃO postei COMPILAÇÕES dos cantores (aqueles no estilo The Greatest Hits) mencionados, nem shows LIVE, APENAS SEUS ÁLBUNS DE ESTÚDIO. Procedi de maneira proposital ao deixar alguns álbuns “out of the list”, pra que você sinta falta deles (risos).
Estão prontos? Então... preparem os ouvidos! E... a paciência! Então, solta o som! Ops: o ritmo... quero dizer, MÚSICA gente!

150. Futuresex: Love Sounds (Justin Timberlake) [2006]; Pop, R&B, Dance-pop, Hip Hop
149. 21 (Adele) [2011]; Soul, Pop, R&B
148. 11 (Bryan Adams) [2008]; Rock
147. Aja (Steely Dan) [1977]; Rock, Jazz Fusion, R&B
146. Go West (Go West) [1985]; Sophisti-pop, Dance
145. Stars (Simply Red) [1991]; Soul, Rock, Pop
144. No Angel (Dido) [2000]; Rock
143. Cabeça Dinossauro (Titãs) [1986]; Rock, Pop Rock
142. A New Flame (Simply Red) [1989]; Soul
141. A Rush of Blood to the Head (Coldplay) [2002]; Rock Alternativo
140. Rebel Yell (Billy Idol) [1983]; Hard Rock, Punk Rock, Post-Punk, New Wave
139. Exodus (Bon Marley) [1977]; Reggae
138. Bad Girls (Donna Summer) [1979]; Pop, Disco, Rock
137. Cher (Cher) [1987]; Hard Rock, Glam Metal
136. Believe (Cher) [1998]; Pop, Dance, House, Dance Pop
135. Chic (Chic) [1977]; R&B, Funk, Disco, Funk Rock
134. Double Vision (Foreigner) [1978]; Rock, Hard Rock
133. Giving You the Best That I Got  (Anita Baker) [1988]; R&B, Soul, Smooth Jazz
132. I'm Just A Prisoner (Candi Staton) [1970]; Gospel, Disco, Soul, Pop
131. In The Jungle Groove (James Brown) [1986]; Funk, R&B, Soul, Rock
130. Never Can Say Goodbye (Gloria Gaynor) [1975]; Dance-pop, Disco, R&B, Jazz
129. Welcome to the Real World (Mr. Mister) [1985]; New Wave, Soft Rock
128. 2 Years On (Bee Gees) [1970]; Rock
127. Kaya (Bon Marley) [1978]; Reggae
126. At The Apollo (James Brown) [1963]; Funk, R&B, Soul
125. Picture Book (Simply Red) [1985]; Soul
124. Ventura (Los Hermanos) [2003]; Rock
123. Young Hearts Run Free (Candi Staton) [1976]; Gospel, Disco, Soul
122. Clube da Esquina (Milton Nascimento e Lô Borges) [1972]; MPB
121. Help! (The Beatles) [1965]; Rock and roll
120. The Kinks Are the Village Green Preservation Society (The Kinks) [1968]; Rock
119. Every Picture Tells a Story (Rod Stewart) [1971]; Rock, Hard Rock, Folk Rock
118. Rapture (Anita Baker) [1986]; R&B, Soul, Smooth Jazz
117. Born in the U.S.A. (Bruce Springsteen) [1984]; Heartland Rock
116. High Adventure (Kenny Loggins) [1982]; Rock, Pop Rock
115. Dois (Legião Urbana) [1986]; Rock
114. Whitney Houston (Whitney Houston) [1985]; R&B, Soul
113. Blood Sugar Sex Magik (Red Hot Chili Peppers) [1991]; Funk rock, Rock alternativo, Funk Metal
112. Mi Sangre (Juanes) [2004]; Rock Latino, Rock
111. Falling into You (Celine Dion) [1995]; Pop
110. Kid A (Radiohead) [2000]; Música eletrônica, Música Experimental, Rock Alternativo, IDM
109. Spirits Having Flown (Bee Gees) [1979]; Disco Music, R&B, Funk
108. Escapology (Robbie Williams) [2002]; Pop, Soul, Pop Rock
107. Business as Usual (Men at Work) [1981]; New Wave, Pop Rock
106. Elis & Tom (Elis Regina e Tom Jobim) [1974]; MPB
105. Come on Over (Shania Twain) [1997]; Country, Pop
104. Power, Corruption & Lies (New Order) [1983]; Pós-Punk, Synthpop, Dance alternativo, Dance rock
103. (What's the Story) Morning Glory? (Oasis) [1995]; Britpop, Rock
102. Lara Fabian (Lara Fabian) [1999]; Pop
101. Big Bam Boom (Hall & Oates) [1984]; Soul, Pop Rock
100. Hybrid Theory (Linkin Park) [2000]; New Metal
99. Songs from the Big Chair (Tears for Fears) [1985]; Rock, Pop, Synthpop, Dance-pop
98. ¿Donde Jugarán los Niños (Mana) [1992]; Rock
97. Rio (Duran Duran) [1982]; Dance, New Wave
96. Blackout (Scorpions) [1982]; Heavy Metal
95. The Long Play (Sandra Cretu) [1985]; Pop
94. Whenever You Need Somebody (Rick Astley) [1987]; Pop , Dance Pop
93. We Are Family (Sister Sledge) [1979]; Pop, Disco, R&B
92. Play Deep (The Outfield) [1985]; Pop Rock
91. Seal (Seal) [1991]; R&B, Soul
90. Colour by Numbers (Culture Club) [1983]; New Wave
89. É proibido Fumar (Roberto Carlos) [1964]; Rock and Roll, Rockabilly, Surf Rock
88. Encore (Eminem) [2004]; Hip Hop
87. Tutte Storie (Eros Ramazzotti) [1993]; Pop
86. Get Happy! (Elvis Costello) [1980]; Soul
85. Crazy World (Scorpions) [1990]; Heavy Metal, Hard Rock
84. After Midnight (Nat King Cole) [1957]; Jazz, Swing, Jump Blues, Bolero
83. Self Control (Laura Branigan) [1984]; Pop, Rock, Synthpop, Eurobeat, Rock Progressivo, Pop Rock
82. It’s My Life (Talk Talk) [1984]; Rock
81. Foxtrot (Genesis) [1972]; Rock progressivo
80. Dreamboat Annie (Heart) [1976]; Hard Rock, Pop Rock
79. War (U2) [1983]; Rock
78. Imagine (John Lennon) [1971]; Rock, Pop
77. Close to You (Carpenters) [1970]; Pop
76. Hotel California (Eagles) [1976]; Country Rock, Soft Rock
75. Slippery When Wet (Bon Jovi) [1986]; Hard Rock, Glam Metal
74. The Broadway Album (Barbra Streisand) [1985]; Jazz, Pop
73. Ok Computer (Radiohead) [1997]; Rock alternativo
72. Master of Puppets (Metallica) [1986]; Thrash Metal
71. Tim Maia Racional, Vol. 2 (Tim Maia) [1975]; Soul, Funk, MPB
70. Love to Love You Baby (Donna Summer) [1975]; R&B, Jazz, Disco
69. Appetite for Destruction (Guns N' Roses) [1987]; Hard rock
68. Más (Alejandro Sanz) [1997]; Pop Latino
67. John Lennon/Plastic Ono Band (John Lennon) [1970]; Rock, Hard Rock, Folk Rock, Blues Rock
66. Flaming Pie (Paul McCartney) [1997]; Rock
65. Tim Maia Racional, Vol. 1 (Tim Maia) [1975]; Soul, Funk, MPB
64. No Jacket Required (Phil Collins) [1984]; Soft Rock, Pop
63. Innervisions (Stevie Wonder) [1973]; R&B, soul, Funk
62. Face Value (Phil Collins) [1981]; Rock, Rock Progressivo, Pop Rock
61. Destroyer (Kiss) [1976]; Hard Rock
60. The Joshua Tree (U2) [1987]; Rock
59. Can't Get Enough (Barry White) [1974]; Soul, Funk, Disco
58. Meat Is Murder (The Smiths) [1985]; Rock alternativo, Indie Pop
57. Very (Pet Shop Boys) [1993]; Electropop, Dance Music
56. The Beach Boys Today! (The Beach Boys) [1964]; Rock, Rock Psicodélico
55. Radio City (Big Star) [1974]; Rock, Power Pop, Hard rock
54. Brothers in Arms (Dire Straits) [1985]; Rock
53. Krig-há, Bandolo! (Raul Seixas) [1973]; Rock
52. 4 (Foreigner) [1984]; Rock, Hard Rock
51. Kick (INXS) [1987]; Rock, Pop Rock, New Wave
50. Sign O’The Times (Prince) [1987]; Pop, Rock, Funk, R&B, Soul, Jazz
49. Close to the Edge (Yes) [1972]; Rock Progressivo, Rock Sinfônico
48. Ray of Light (Madonna) [1998]; Pop, Dance, Música Eletrônica
47. Can't Slow Down (Lionel Richie) [1983]; Pop, R&B
46. Kind of Blue (Miles Davis) [1959]; Jazz
45. Back in Black (AC/DC) [1980]; Hard rock, Rock, Heavy Metal
44. Armed Forces (Elvis Costello) [1979], Rock
43. Loving You (Elvis Presley) [1957]; Pop, Rock, Blues, Country, Música Romântica
42. Construção (Chico Buarque) [1971]; MPB
41. Please Please Me (The Beatles) [1963]; Rock and roll
40. Reckless (Bryan Adams) [1984]; Rock
39. Out of Time (R.E.M.) [1991]; Rock Alternativo
38. Tim Maia (Tim Maia) [1970]; MPB, Rock, Soul
37. Loaded (The Velvet Underground) [1970]; Art Rock, Rock Experimental, Protopunk
36. Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy (Elton John) [1975]; Rock
35. American Beauty (Grateful Dead) [1970]; Rock 'n' Roll, Folk rock, Blues-rock, Rock psicodélico, Rock experimental
34. Wheels of Fire (Cream) [1968]; Blues-rock, Rock psicodélico, Hard rock
33. The Doors (The Doors) [1966]; Rock Psicodélico, Rock and roll, Acid Rock, Heavy Metal
32. Love Me Tender (Elvis Presley) [1956]; Country, Música Romântica
31. A Brazilian Love Affair (George Duke) [1979]; Jazz Fusion, R&B, Funk, Rock and Roll, Jazz Pop
30. I Love Brazil! (Sarah Vaughan) [1977]; Bossa Nova, Vocal Jazz
29. Who’s Next (The Who) [1971]; Rock
28. Nevermind (Nirvana) [1991]; Grunge
27. Are You Experienced (Jimi Hendrix) [1967]; Rock and Roll, Rock Psicodélico, Blues
26. News of the World (Queen) [1977]; Hard rock, Heavy Metal
25. Goodbye Yellow Brick Road (Elton John) [1973]; Rock
24. Scary Monsters (and Super Creeps) (David Bowie) [1980]; Rock, New Wave, Post-punk
23. Off the Wall (Michael Jackson) [1979]; R&B, Disco, Funk, Dance-Pop
22. A Night at the Opera (Queen) [1975]; Hard rock
21. Força Bruta (Jorge Ben Jor) [1970]; Samba
20. Space Oddity (David Bowie) [1969]; Folk rock, Rock Progressivo
19. Layla and Other Assorted Love Songs (Eric Clapton) [1970]; Blues Rock
18. Sex Machine (James Brown) [1970]; Funk, R&B, Soul, Rock
17. Selling England By The Pound (Genesis) [1973]; Rock Progressivo
16. In The Wee Small Hours (Frank Sinatra) [1955]; Jazz Vocal
15. Elvis Presley (Elvis Presley) [1956]; Rock, Rock Abilly, Country, Música Romântica
14. Led Zeppelin IV (Led Zeppelin) [1971]; Hard rock, Heavy Metal, Blues-rock, Folk Rock, Rock Psicodélico, Rock Progressivo
13. The Beatles (The Beatles) [1968]; Rock, Pop Rock, Blues Rock, Hard Rock, Folk Rock
12. Blonde on Blonde (Bob Dylan) [1966]; Rock
11. London Calling (The Clash) [1979]; Punk Rock, Reggae, Rock & Roll, Rockabilly, Ska, Pop, R&B

       Estão prontos? Então... entremos no top 10:

10. Exile on Main Street (The Rolling Stones) [1972]; Rock, Blues-rock, Country Rock, Boogie-woogie
09. What's Going On (Marvin Gaye) [1971]; R&B/Soul
08. Rubber Soul (The Beatles) [1965]; Rock Psicodélico, Rock & Roll
07. Chuck Berry Is on Top (Chuck Berry) [1959]; Rock and Roll
06. Highway 61 Revisited (Bob Dylan) [1965]; Folk Rock, Rock, Blues Rock
05. Revolver (The Beatles) [1966]; Rock & Roll, Rock psicodélico, Pop Rock
04. Pet Sounds (The Beach Boys) [1966]; Art Rock, Sunshine Pop, Pop Barroco, Rock Psicodélico
03. Dark Side of the Moon (Pink Floyd) [1973]; Rock Progressivo
02. Thriller (Michael Jackson) [1982]; Pop, R&B
01. Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (The Beatles) [1967]; Rock Psicodélico, Rock & Roll

Bem pessoal, é isso, o repertório deve continuar! Espero que (vocês) tenham gostado do que ouviram – Ops! Viram! Esse foi o post mais longo que fiz; foram, acredite se assim for da vontade de vocês, incríveis 8 meses preparando essa listinha. E, continue acreditando (apenas se quiseres), foi o que mais senti facilidade em fazer.

Por Dandan Gouveia, pensando apenas
em nossa primeira e maior arte: a música.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Um pouco de Kubrick: 2001: Uma Odisseia no Espaço

Filmes e Kubrick. Kubrick e filmes. Entre os dois, filmes e filmes. Ah, tá certo! Você, meu leitor (que saudade que estava de escrever pra você), com certeza tem esse caso de amor e ódio com o Stanley (eu apenas não consigo entender porque sabe?). “Ah, eu amo os filmes dele, mas ODEIO, do fundo do meu coração, esse tal de 2001: Uma odisseia no espaço!”; “eu não entendo nada desse filme: Aquilo no começo afinal de contas, eram macacos ou humanos?”; “E aquele final “tosco”, sem sentido?”. Tá bom! Chega de tanto drama! O filme é uma ficção, como todo filme, não uma novela, que coisa!
Acho que já deu pra sentir um pouco do “esbravejamento”, vou tentar amenizar a adrenalina, que tal falarmos "algo que preste" sobre o filme? Vocês me ajudam com a mesma santa paciência de sempre? Aí vamos nós; que saudade que estava daqui!

Bem, cult. Esse “terminho” chato, que circula por aí com ares de elite, nada mais é do que “um esbravejo de cultura”. E como todo tipo de cultura, se destina à determinado público. Você meu caro cinéfilo, não se sinta inferior, apenas prepare sua pipoca e busque um lugar para poder começar a assistir filmes. Eles não são medidores de QI, ou de personalidade (eu assisto qualquer tipo de filme, do mais caro ao “mais B entre os B’s”), mas estão à sua espera, para o seu entretenimento. Mas, tudo bem, o filme é “cult” (isso é o que os mestres do cinema dizem) e um pouco complexo, (precisando apenas de um pouco de sua atenção para uma futura compreensão), e muita gente que assiste fica sem coragem de dizer que não gostou, ou que não entendeu; alguns outros reclamam do simples fato da “lentidão” e “extrema chatice” - pobres coitados. Ah, deixa eu te dizer: não se preocupe, você não está só! 2001: Uma odisseia no espaço não é um filme pra ser compreendido assistindo apenas uma única vez. O próprio roteirista do filme (que depois lançara o livro de mesmo nome), Sir Arthur Clarke afirma a nós, meros mortais: "Se alguém entender 2001 de primeira, nós teremos falhado. Quisemos levantar muito mais questões do que respondê-las". 

Em sérias palavras agora, esse trabalho sensacional, magnífico do final dos anos 60, sem dúvida, é um filme autoral; o Stanley não procurou “agradar”; ele foi além, expressando uma ideia de formas, de ambientes, entre filosofia e alegorias, nunca antes vista na história do cinema: A arte visual. Com certeza meu amigo cinéfilo, Stanley Kubrick foi, e continua sendo um visionário não tenha dúvidas.

"Eu tentei criar uma experiência visual, que se desviasse do campo das palavras e penetrasse diretamente no subconsciente com um teor emocional e filosófico... Projetei o filme para ser uma experiência subjetiva intensa, que atinja o espectador num nível profundo de consciência, exatamente como a música faz... Você está livre para especular como quiser sobre o sentido filosófico e alegórico do filme."
Stanley Kubrick

       Bem, pra te “ajudar” um pouco na compreensão desse filme, e fazê-lo viajar um pouco pelo espaço através dessa obra cinematográfica, escrevi umas besteiras, baseadas em algumas opiniões de diferentes críticos de cinema, que curiosamente “colhi” na internet; dividi o filme em sessões, para tornar mais simples a compreensão e pra você não precisar ler tudo, apenas o que te interessa – estou “me achando”. Portanto, se você ficou curioso para assistir ao filme, e não é daqueles que gosta de não ter novidades sobre o que vai acontecer, SERIA BOM QUE DEIXASSE PARA LER DEPOIS. Sem mais delongas, vamos ao que interessa: Primeiramente, com a palavra, Kubrick:

"Alguém disse que o Homem atual é o elo perdido entre os macacos e o Homem civilizado. Pode-se dizer que essa é a história de 2001, também. Nós somos semi-civilizados, capazes de cooperação e afeição, mas precisando de alguma forma de transfiguração em uma forma de vida mais elevada. Agora que alcançamos o poder de exterminar toda a vida na Terra, será preciso mais do que cooperação e planejamento pra evitar alguma catástrofe. O problema existe enquanto o potencial existe; e o problema é essencialmente moral e espiritual." 
Stanley Kubrick

ABERTURA
Logo de início, “bem de cara”, nos encontramos com um belo alinhamento do Sol, da Lua e da Terra. Magistralmente, sem computação gráfica e sem George Lucas para salvar a galáxia, esse tal alinhamento se repete algumas vezes que um monolito surge. O Sol ganha um destaque especial durante todo o filme, uma vez que simboliza uma idéia de "renascimento" (que é um tema recorrente no filme) nas mais diversas culturas, e por conta disso não é forçoso dizer que há oculto (de cabeça-pra-baixo) na imagem-título do filme uma insinuação a um ícone pagão, o símbolo do Deus Cornífero da Wicca que, não por acaso, simboliza a morte e renascimento, e que em seu aspecto celeste é representado pelo Sol.

A AURORA DO HOMEM
       
O nome em inglês é The Dawn of Man, que tanto pode ser traduzido tanto como "o surgimento do homem" quanto como "o amanhecer da humanidade" – numa linguagem mais poética. Nas primeiras cenas, vemos o nascimento e ascensão do Sol durante a pré-história. O futuro ser humano nada mais é do que um descendente do macaco (entendeu agora?), herbívoro e vulnerável aos perigos do habitat selvagem. Há uma cena de conflito entre dois grupos de seres humanos por um poço de água; percebe-se que um grupo é mais inteligente que o outro, “ficando no grito” com o bem mineral. O grupo perdedor se refugia num buraco durante a noite. Ao amanhecer do dia, os perdedores veem um monolito negro, enquanto que os vencedores o tocam/admiram. Novamente se vê a imagem do alinhamento do monolito com o Sol e a Lua – que poderia nos remeter novamente ao símbolo Wicca, mas com o Sol pela metade e ainda distante da Lua. Numa das cenas mais marcantes do cinema, o (homem) macaco descobre o poder da ferramenta – o osso. Interessante é que o próprio usa a ferramenta pra matar. Antes se alimentara, depois percebeu a importância para o manuseio de recursos naturais. Durante o confronto com o grupo rival, o humano inimigo é morto com toques de sadismo. Ao usar o osso como ferramenta pra matar, pode-se perceber o sentimento de consciência de poder, força e domínio, os quais combinados com a intimidação caracterizam o macho-alfa até hoje; estava aí o protótipo do ser humano. Logo, não fosse por ele, não existiríamos como espécie – influência do darwinismo. De repente, somos levados ao maior corte da história do cinema de maneira tão tranquila, tão singela, tão eufêmica, isso porque a história avança milhões de anos em um único segundo (é magnífico!), com a câmera acompanhando o movimento circular daquele osso no céu, que se dá lugar à: UMA NAVE FLUTUANDO NO ESPAÇO, resumindo brilhantemente toda a história da humanidade – sensacional, não acham?


A ESTAÇÃO ESPACIAL

Já pode-se ver e crer, em 1968 (ano de produção do filme), a ideia de globalização, oficialmente pronunciada no final dos anos 80, onde os países estão integrados na exploração espacial, com naves de várias nacionalidades – vê-se as bandeiras alemã e chinesa em duas delas. A caneta flutuando na gravidade zero, remetendo inconscientemente ao osso flutuando no ar, e a lembrança de que agora "a caneta é mais forte que a espada". A força bruta antes utilizada não é mais necessária, dando lugar à diplomacia, que se traduz aparentemente em “amistosas conversas com os russos dentro da estação” – como é uma produção americana, não vou lhe dizer o que acontecia entre os dois países nessa época. Mas logo percebemos que o cientista Heywood Floyd esconde um segredo, do qual os russos desconfiam e mal conseguem esconder sua curio/animosidade. Alguns cineastas apontam tal cena como uma reprise "versão guerra fria" da briga pré-histórica pelo poço d'água – tá certo, coincidência ou não, os participantes conversam ao redor de uma mesa circular com copos d'água, viu?

NA LUA

Ora, descobre-se que um objeto fora enterrado deliberadamente na Lua há 4 milhões de anos – quem sabe se não no lado oculto do corpo celeste? Por quem, nunca se sabe (ops: soube, não é?). Ah, era o monolito negro, o mesmo que aparecera para os macacos na pré-história. Em outra cena fantástica, Floyd toca o monolito com a mesma admiração que seu antepassado. Através do livro de Arthur Clarke se tem uma explicação mais detalhada para o que acontece em seguida: a luz do Sol toca o monolito pela primeira vez (ele foi escavado durante os 14 dias de noite lunar), e então ele emite um poderoso sinal de rádio, que interfere com os comunicadores dos astronautas, provocando um zumbido intermitente. Verifica-se também o mesmo alinhamento da pré-história, agora com a meia-lua (desta vez representada pela Terra) mais próxima do Sol.

MISSÃO JÚPITER: 18 MESES DEPOIS

Agora na nave Discovery 1, rumando para Júpiter, em busca do destino do sinal de rádio, vê-se o astronauta Frank Poole correndo em círculos, no que parece uma versão gigante e futurista de uma roda para aquele lindo ratinho que você talvez crie. De fato, os humanos na nave são meros passageiros/prisioneiros, pois quem controla tudo na verdade é (suspense!) o computador HAL 9000, mostrando desde aquela época, a já dependência tecnológica por parte dos humanos. A sigla HAL é uma "homenagem" (na verdade uma crítica) à empresa de computadores IBM –  se você gosta de teorias conspiratórias, conspire comigo agora: mova cada letra da sigla IBM uma posição no alfabeto pra trás, e você terá... HAL! . Na época em que o filme fora produzido, a IBM era mais poderosa e influente empresa no ramo de desenvolvimento de softwares e informação.
Mas, e o HAL? Ah, o HAL é um dos símbolos que remetem ao livro "A odisséia", de Homero – além, claro, do próprio título do filme. Para ser mais específico, HAL é uma alusão ao ciclope, um dos adversários de Ulisses na lenda – agora sim, será que foi lenda? É algo notável que o computador HAL demonstre no filme mais emoções do que os próprios tripulantes. Enquanto os astronautas ficam apáticos a maior parte do tempo, HAL traz em sua monótona fala certo orgulho de ser infalível (e mais adiante medo e ansiedade por ser desligado). Isso aparenta ser uma crítica velada ao aprisionamento do homem às condições impostas pelas máquinas, e a perda da humanidade decorrente disso. Poderíamos culpar os atores, ou até mesmo o diretor (que crime!) por essa falta de emoção dos personagens, mas o fato é que essa aparente falta de vitalidade encaixa sutilmente no contexto do filme. Você percebeu que no início os atores vestidos de macaco são muito mais expressivos do que os atores "humanos"? Isso porque no futuro o ser humano está engessado pela tecnologia em um ambiente séptico, sem cor, sem arte. Isso é reforçado pelos “diálogos bobos” e aparentemente inúteis. Apenas numa examinada atenta (e posterior) pode-se extrair o que Kubrick queria passar com eles: no diálogo de Heywood Floyd com sua filha percebe-se que a mãe não está em casa, e o pai se desculpa por não poder ir ao aniversário da garotinha. Na conversa com os russos mais uma vez vemos a separação familiar, com a russa no espaço e o marido na Terra, trabalhando no fundo do mar (ambos isolados de seu habitat original!). E, dentro da Discovery, o astronauta Frank Poole recebe pelo videofone os parabéns dos familiares sem esboçar a menor reação, numa transmissão pré-gravada, onde a comunicação está cada vez mais comprometida por conta das imensas distâncias. O aniversário é normalmente um tempo de celebrar o próprio nascimento, a alegria da vida. É também uma ocasião para introspecção e reavaliação, numa espécie de renascimento: não importa como as coisas foram ontem ou no ano passado, nós sempre temos a capacidade de tentar de novo. Assim, a incapacidade de celebrar apropriadamente os aniversários pode refletir no filme a incapacidade do homem de se repensar (e se recriar) como dono da sua própria vida.
Durante a viagem, o computador acusa uma falha na unidade de comunicação. Ao averiguar a falha, percebe-se que a unidade estava funcionando bem, o que significa que o computador HAL aparentemente está com alguma falha. Os tripulantes cogitam desativar o próprio. Para se proteger (e, na lógica dele, proteger a missão) HAL MATA a maioria dos tripulantes. Entretanto, o astronauta David Bowman (Dave) consegue desligá-lo. Bem, esse é um resumo rápido da história. Agora vamos à análise desta parte do filme: muitos interpretam o comportamento de HAL como uma falha (causada não se sabe porque, talvez pela influência do monolito? me ajudem a solucionar esse mistério!), mas há pistas que indicam que HAL poderia estar jogando com os astronautas da mesma forma que ele aparece jogando xadrez, e esta é uma cena reveladora. Kubrick amava xadrez, e colocou HAL jogando com o astronauta Poole uma partida que realmente aconteceu em 1910, entre Roesch e Willi Schlage. Acontece que HAL faz o movimento correto, mas diz de forma errada: "Rainha para bispo 3", quando o correto seria "Rainha para bispo 6". Um erro bobo de um computador pirado, um deslize de Kubrick ou um teste sutil de HAL pra ver se Poole perceberia? A ideia do teste é importante porque é verbalizada e confirmada pelo HAL na próxima cena, onde ele pergunta (como quem não quer nada) a David sobre os rumores circundando a missão, e o que ele achava disso. Só que David desconfia e responde com outra pergunta: "isso faz parte do nosso teste psicológico, não é?". Ao que HAL confirma, tira por menos ("é uma coisa boba"), dá aquela "travadinha" e depois acusa o tal erro na unidade de comunicação. Seria erro, ou apenas (mais um) outro teste? É importante lembrar que, após o desligamento de HAL, uma mensagem em vídeo pré-gravada dizia que o computador só tomou conhecimento dos parâmetros da missão no meio da viagem, pra depois informá-la aos tripulantes quando estes chegassem a Júpiter. Então essa mudança de comportamento de HAL pode muito bem ter sido uma reação ao conhecimento da relevância da missão, e que os astronautas precisariam estar à altura dela, ou não poderia?
A desativação de HAL é, sem dúvida, o momento mais marcante do filme. Quando ele pede por sua "vida" e começa a cantar dá uma inversão de sentimentos e valores que é perturbadora (afinal, ele é o vilão da trama!); o computador volta ao momento do nascimento (novamente o tema "renascimento") e repete o que disse na sua primeira apresentação. Aliás, pra quem tinha dúvida de que a sigla não é apenas uma coincidência com a IBM, HAL diz nessa cena que foi construído em Urbana Illinois e instruído pelo Sr. Langley, e então canta a música Daisy Bell. Os da informática sabem muito bem que o primeiro computador a ter sintetizador de voz foi o modelo IBM 704, construído em 1962, no centro de pesquisa Langley, em Urbana Illinois – ou você acha que eu iria esquecer isso? E a primeira música que ele cantou numa demonstração (advinha qual foi? com Certeza!) foi Daisy Bell, e Arthur Clarke estava lá pra ver e ouvir isso – pronto, matei a charada.
Uma coisa que só se percebe no inglês é o uso recorrente por HAL do termo “I'm afraid” (estou com medo). Num uso ultra polido, este termo é entendido como “Receio que”, pra negar alguma coisa a alguém polidamente (“I'm afraid I can't do that" – “Receio que não possa fazer isso”). Mas, ao ser desativado, HAL usa esse termo indicando medo, de fato. E Kubrick pareceu querer reforçar isso pelo uso sistemático desse termo, inclusive por David, quando cogitam desliga-lo. Foi por medo de comprometer a missão que HAL matou a tripulação? Teria sido por medo de admitir sua própria falha que a máquina escondeu que errou ao informar o defeito? Não foi por medo que os astronautas quiseram desligar HAL? Enfim, esse é apenas mais um nível em que o filme pode ser analisado.

JÚPITER E ALÉM
       
Mais uma vez os corpos celestes se alinham. E mais uma vez a lembrança do símbolo do Deus cornífero. Essa é a parte mais louca e incompreensível do filme, em que David deixa a Discovery em uma cápsula e embarca rumo a uma viagem intergaláctica até sabe-se lá onde! Os comentários mais interessantes são os de que as imagens surreais que inundam a tela fazem referência (num nível subconsciente) a criação da vida no útero – tá, eu sei que foram longe. Se formos analisar Freud, a nave Discovery (um grande falo) ejeta pela "cabeça" a cápsula de uma forma diferente das demais, como se tivesse cuspindo-a (ou ejaculando-a, ah, você entendeu). Entra-se então por uma fenda vertical (sim) e, dentre as várias imagens fluidas que também lembram galáxias sendo criadas, há pelo menos duas que não precisam de muita imaginação para possíveis interpretações. Ao fim da sucessão de imagens aquosas e orgânicas, aparecem 7 objetos lapidados em forma de Octaedros (um dos sólidos platônicos relacionados ao ar). Seriam estas naves extraterrestres, escoltando David através de um portal? Seja como for, elas encerram a parte da viagem através das luzes. A viagem continua por uma superfície rochosa, entrecortada por rios e mares, até que David chega a uma sala totalmente decorada com mobília da era da renascença (renascimento de novo!) e quadros com cenas bucólicas da natureza. Apenas o chão retro iluminado (semelhante ao teto da estação espacial) alude a uma época futurista. Em cenas que alternam pontos de vista, David vê a si mesmo como outra pessoa, progressivamente mais velho. Pode-se interpretar essa sequência no quarto como uma desintoxicação da dependência das máquinas, uma vez que ele se desfaz da roupa de astronauta; e poder-se-ia inclusive retomar a ideia do capacete verde, visto que a mesa é verde (ora bolas!), e, na cena do leito de morte, aparece um largo espaldar verde circundando a área da cabeça de David. Quando ele quebra a taça de vinho é que atinge um nível de consciência mais elevado. Na tradição judaica, quebra-se um cálice ao fim da cerimônia de casamento. Há vários significados, mas um deles é que isso simboliza uma nova vida, um mudança de forma para todo o sempre, ou seja, e dois indivíduos passam a ser um casal.

Da cama, David vê o monolito, e faz um gesto de tocá-lo que lembra muito a pintura "A Criação de Adão", que o mestre renascentista (renascimento) Michelangelo fez no teto da Capela Sistina – você sabe onde fica. David transforma-se então num feto, com um brilho no olhar (torna-se um iluminado?). A câmera se aproxima do monolito, como se fôssemos transportados do local para a escuridão do espaço, de onde o feto (já leu algo sobre “Starchild”, aquela história da carochinha sobre crianças de outros planetas?) contempla o planeta Terra do alto, para depois mirar bem dentro de nossos olhos com um olhar perturbador que mescla sabedoria/velhice e inocência/infância, o que me remete a ideia que os seres humanos sempre irão influenciar de um jeito ou de outro, as gerações seguintes.

Kubrick não quis limitar o escopo de seu filme.

"Como poderíamos apreciar a Mona Lisa se Leonardo da Vinci tivesse escrito embaixo do quadro: ‘A mulher está sorrindo porque ela esconde um segredo do seu amado'. Isso iria acorrentar o espectador à realidade, e eu não quero que isso aconteça com 2001. Eu trabalhei de forma que nada importante é dito nos diálogos, e que qualquer coisa importante no filme seja traduzida em termos de ação. Um roteiro é a forma de escrita menos comunicativa já feita”
Stanley Kubrick

Mas quem expressou melhor a relação com o filme foi o ator Keir Dullea, que interpretou o David Bowman.

"Se você vê um quadro de Picasso, é importante saber o que Picasso queria ou é mais importante sua relação com ele, sua reação emocional a ele?"
David Bowman

Não é lindo? Pode ser até mais um “nada a ver”, mas olha que faz um sentindo... daqueles que aguça todos os outros, viu? Que é complicado de se assistir e de se entender (só nas duas primeiras vezes certo?) é, mas... depois da primeira tentativa tudo se resolve. Interessante quando assisti a esse filme pela primeira vez: 01 de janeiro de 2000, em plena madrugada; todo mundo dizia: “Ah, o mundo vai acabar”, “Será o fim da humanidade”, só porque era transição milenar. A humanidade não tem fim. O fim não conhece o fim, e se conhece, creio que nem mesmo o próprio venha a lembrar-se. O mesmo se dá com o início. Esse filme é um espetáculo, talvez de uma futura realidade, não muito distante da nossa. É um filme revolucionário. Afinal de contas, você está acessando esse registro virtual através de que máquina? Seria ela um IBM Sequoia... ou Tablet Phone? Ah, você não está na terra? Tá certo. Você não sente nada ao ouvir o prelúdio e encerramento do filme?



2001: A Space Odissey, EUA, 1968, 142 min. Colorido. Distribuido pela Warner Bros.
Com Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylvester, Douglas Rain.
Escrito, Produzido e Dirigido por Stanley Kubrick.
Orçamento: U$$ 10,5 milhões. Receita nos EUA: U$$ 56,71 milhões.


Por Dandan Gouveia, da série “um pouco de Kubrick”. Aguardem pelos próximos.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Um pouco de reflexão: O espírito natalino e seus ideias de hoje

    Natal. Natividade. Nascimento. Natalidade. Regeneração. Prosperidade. Longevidade. Fartura.  Religiosidade. Simbolismos. Dessas tão poucas concepções, qual o significado dessa data para você?
        Ah, com certeza crescestes sabendo que o bom velhinho percorre o mundo inteiro na noite da referida data distribuindo presentes e alegrias para a população, e que ele nunca esqueceu de você – afinal, fostes sempre aquele “felizardo”, contemplado com a sorte de ter um presente próximo à sua cama, ou a árvore de Natal na linda sala de sua casa, decorada adequadamente para essa festividade de origem nórdica. Família reunida, fartura com aquele “chester” (alguém já viu um?) e tantas outras guloseimas, presentes reunidos em torno de uma árvore de plástico (outros ainda privam por uma originalidade)... certo. Mas e o Papai Noel?
      
    Bem, o bom velhinho que se conhece hoje, aquele gordo e bonachão, de cabelo e barba brancas, de vestes escarlate, nada mais é do que mero produto de um (i)memorável sincretismo de lendas pagãs e cristãs, de modo que tal ponto seja impossível de identificar uma fonte única para tal “ser mitológico”. Sabe-se, porém, que sua aparência foi fixada, difundida e “solidificada” para o mundo na segunda metade do século XIX por um famoso ilustrador e cartunista americano, Thomas Nast, inspirador, por sua vez, de uma avassaladora campanha publicitária da Coca-Cola nos anos 1930 – em minha humilde opinião, uma das maiores estratégias de marketing já realizadas. Em suas gravuras, o único traço que destoa significativamente do Noel de hoje é o longo cachimbo (o dele fumava sem parar), algo que nossos tempos antitabagistas já não permitem ao bom velhinho. O sucesso da representação pictórica feita pelo cartunista não significa que ele possa reivindicar qualquer naco da paternidade da lenda, mas apenas que “seu Santa Claus” – “Papai Noel’s name in inglês” – deixou no passado e nas enciclopédias de folclore a maior parte das variações regionais que a figura do distribuidor de presentes exibia, dos trajes verdes em muitos países europeus aos chifres de bode (!) em certas lendas nórdicas – ou você acha que não há vários personagens para uma quase equivalente história imersa em tantas tradições?
     Antes das flores, um fator de unificação desses personagens constava na referência mais ou menos direta, aquela quase sempre distorcida por crenças locais, a de São Nicolau, personagem historicamente nebuloso que viveu entre os séculos III e IV da era cristã e que gozou da fama de ser, além de milagreiro, especialmente generoso com os pobres e as crianças. É impreciso o momento em que o costume de presentear as crianças no dia de São Nicolau, 6 de dezembro, foi transferido para o Natal na maior parte dos países europeus, embora a data primitiva ainda seja observada por parte da população na Holanda e na Bélgica. Nascia assim o personagem do Père Noël (como o velhinho é chamado na França) ou Pai Natal (em Portugal) – o Brasil, como se vê, optou por uma tradução pela metade.
     Verdade seja dita, a festividade Natalina é uma das épocas mais lucrativas para o capitalismo, para a Coca-Cola, para as indústrias de brinquedos, para a indústria alimentícia e seus derivados. Tudo o que “Papai Noel hoje faz” é visando adquirir lucro, saldo (sempre positivo!), enquanto que o espírito de solidariedade vai sendo deixado de lado; desapercebidamente, uma sociedade extremamente individualista está se formando. Os valores hoje disseminados, não ensinam realmente uma busca por uma essência da vida, muito menos de sabedoria plena – seria o capital hoje fonte para sabedoria? Tais valores “desvirtuam” o indivíduo (já parou pra pensar como será o significado dessa data daqui a uns anos?), retirando as possibilidades de encontrar-se com suas tradições. Há um constante engano, e a “coisa vai se saturando” em um nível tão alto, que não há espaço para se optar por uma defesa de intelecto. “Bombardeados” constantemente por informações fúteis, é despertada em nós a “doce” falsa necessidade comercial, o que é visível que não irá em nada mudar nossa essência – o que muda a essência do homem?
    Exatamente nesse contexto, “mente vs. Capital”, é que foi (re)originado o Natal. Essa data é comemorada desde á antiguidade, representando uma celebração ao deus que determinado povo cultuava. Portanto, é perceptível que tal festa não deriva do (re)nascimento de Cristo. Desse modo, o símbolo de tal dia comemorativo tornou-se algo completamente simbólico, diferentemente de sua origem. Dados informam que Jesus teria nascido em março, e não em dezembro, como acredita-se ser. Então, o que se sucede nos dias de hoje em relação à tal festividade?
     
       Seria essa uma resposta difícil de responder? Creio que não. Será que a distorção dos ideais pelos soberanos (nos tempos mais remotos) e pela mídia que vem sustentando essa ideia até os dias atuais, possui certa frugalidade, ou seria algo que demanda muita complexidade? Pode-se perceber que essa pergunta com certeza vai remeter a vários destinos, porém os destinos se condensam em apenas um: o de explorar a crença do povo e lucrar com sua alienação. Percebe a simultaneidade? Se Maomé não vai a montanha... ah, mas bem! De acordo com nossos costumes ocidentais, os presentes são trocados pelos familiares como símbolo de afeto. Mas aposto que você nunca refletiu sobre o significado deste ”agrado”, ou já? Presentes não significam nada, apenas um gesto meramente simbólico e (atualmente) capitalista, como a própria data.
     
     Como comemorar uma festa de fartura, se “na mesa de poucos, fartura adoidado, mas se olhar pro lado depara com a fome”? Distribuímos tantos presentes para os não necessitados, e vemos crianças e toda a sorte de pessoas sem um lar, mendigando nas ruas. Ódio e intolerância são semeados durante o ano inteiro (na maioria das vezes para com "o próximo mais próximo") e ao findar do próprio sorrisos e compaixão são distribuídos? A vinda de um Cristo ao mundo é celebrada em apenas uma semana, e esquecida durante o ano inteiro. Decoram-se casas, cidades, mas não saciam as necessidades básicas da população. Quanta desigualdade. Quanta “precundialidade”. Quanta sociedade. Quanta “modernidade”. Façamos um favor a nós mesmos: Comemoremos o fim de ano (calendário romano) se bem assim desejarmos, com nossas famílias (tem aqueles parentes que chegam de tão longe) e as pessoas que queremos bem não apenas naquele momento do ano; mas, encarecidamente, não deixemos que invadam e transformem nossas mentes em uma feira de sonhos capitalistas.
       Ah, perdão! A você, o meu feliz Natal.
Por Dandan Gouveia. Apenas pensando na vida.
24 de dezembro de 2013.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Um pouco de Curiosidade: A história de Samhain, e o Dia das Bruxas

Samhain (pronúncia Sow-en) remonta à antigos celtas, que viveram há mais de 2.000 anos. Ao contrário do que alguns acreditam, não é uma celebração de um deus dos mortos. Pelo contrário, é uma palavra celta que significa "fim do verão". Os celtas acreditavam que o verão chegava ao seu final em 31 de outubro e o Ano Novo teria seu início no dia 01 de novembro, com o início do inverno. Também seguiam um calendário lunar, e suas celebrações iniciavam-se no pôr do sol, na noite anterior.
Muitos hoje veem o Halloween como um feriado pagão. Porém isso não é realmente condizente. Pagã é a festa do Samhain, em 1 de novembro. Porém as comemorações costumavam se iniciar, e ainda se iniciam, no pôr do sol do dia 31 de outubro, véspera de Samhain. Durante o dia, em 31 de outubro, não é permitido fogo dentro das casas. Muitas vezes, as famílias costumam se engajar em "uma boa limpeza na alma", afim de limpar o velho espírito, e abrir caminho para o novo que está por vir; desse modo, iniciam os meses de inverno com o lar sempre fresco e limpo.
Ao pôr-do-sol em 31 de outubro, clãs ou aldeias locais começam as cerimônias formais de Samhain, acendendo uma fogueira gigante. As pessoas se reuniam ao redor do fogo para queimar plantações e animais como sacrifícios aos deuses celtas. Era um método de dar aos deuses e deusas a sua parte do rebanho em virtude aos anos anteriores. Além disso, este "fogo sagrado" fora uma grande parte da limpeza do ano velho, e um método para se preparar para o Ano Novo.
Durante as celebrações, os celtas usavam trajes, e dançavam ao redor da grande fogueira. Muitas destas danças contavam histórias sobre a origem dos Celtas, e interpretavam na maioria das vezes, os ciclos de vida e morte do ano antigo, e comemoravam o ciclo da Roda da Nova Vida. Estas fantasias eram adornados por três razões principais:
O Sabbath das Bruxas (O grande Bode). Goya.
  1. A primeira razão fora a de homenagear os mortos, que foram autorizados a "regressar" a partir do Outro Mundo. Os celtas acreditavam que as almas foram libertadas do mundo dos mortos durante a noite de Samhain. Aqueles que haviam sido presos em corpos de animais foram libertados pelo senhor dos mortos e enviados para as suas novas encarnações. O uso destes trajes significava a libertação dessas almas para o mundo físico. Nem todas essas almas foram honradas e respeitadas. Alguns também eram temidos pelos Celtas como tiranos; desse modo, eles voltariam para o mundo físico com o intuito de destruir plantações, o gado, além de escolher 'assombrar' a vida de indivíduos que tentaram ajuda-los em sua vida física - a anterior.
·     2. A segunda razão para o uso de trajes tradicionais foi se esconder esses espíritos malévolos, com o intuito de “escapar” de sua maldade.
        3.  A razão final fora a justificativa de um método para honrar os deuses e deusas celtas da colheita, campos e rebanhos. Desse modo, os habitantes da região davam graças e homenageavam os deuses que ajudaram a aldeia ou clã através das provações e tribulações do ano anterior. Também faziam isso como forma de petição, para que no ano que sucedesse o atual, os meses de inverno fossem menos rigorosos em relação aos que se aproximaram anteriormente.
Além das festas e das danças, os Celtas acreditavam que o fino véu entre o mundo físico e o “outro mundo”, fornecia energias extras para futuras comunicações entre os vivos e os mortos. Com essas comunicações, os sacerdotes druidas e as xamãs celtas que tentavam prever a sorte e as riquezas das pessoas através de leituras psíquicas. Para um povo completamente dependente da volatilidade do mundo natural, estas profecias eram uma importante fonte de conforto e direção durante o longo e escuro inverno.
Estas leituras psíquicas eram realizadas com uma variedade de ferramentas de adivinhação, como atirar ossos, ou converter o Celtic Ogham (o alfabeto irlandês, conhecido também como Celtic Runes). Há evidências históricas de que a maioria das ferramentas de adivinhação se originaram antes dos escritos gravados pelos invasores romanos; há histórias de leitura de folhas de chá, pedras e galhos, e as comunicações espirituais simples, que conhecidas hoje como Canalização. Alguns historiadores ainda acreditam que esses povos foram os primeiros a usar telhas feitas de madeira e pintado com várias imagens, portanto, precursores do Tarot. Não há nenhuma evidência real para apoiar esta afirmação, mas a "história" destas telhas tem permanecido uma incógnita durante séculos.
Quando a celebração comunitária tem o seu fim, cada família teria uma tocha ou brasa da fogueira sagrada para voltar para sua própria casa. O fogo doméstico que fora extinto durante o dia, seriam re-iluminados pela chama da fogueira sagrada com o intuito de ajudar a proteger a habitação e seus habitantes durante o próximo inverno. Esse fogo era mantido noite e dia durante os próximos meses. Acreditava-se que, caso a chama da casa apagasse, tragédias e problemas em breve ocorreriam. Com coração iluminado, as famílias colocavam comida e bebida do lado fora de suas portas. Isto era feito para apaziguar os espíritos de itinerância que podiam lançar truques sobre a comunidade.

Stonehenge.
Os Romanos começaram a conquistar o território Celta em 40 D.C. Por volta de 43 D.C., tinham conseguido a maioria de suas terras. Eles governaram por cerca de 400 anos, combinando muitas celebrações tradicionais celtas com as suas próprias, ou sendo influenciados pelas mesmas. Dois feriados romanos foram fundidos com Samhain: Feralia, um dia no final de outubro, quando os romanos tradicionalmente comemoravam a passagem dos mortos; e o dia de Homenagem de Pomona, a deusa romana das frutas e árvores - o símbolo de Pomona é a maçã, e a incorporação desta celebração em Samhain provavelmente explica a tradição de "sacudir" as maçãs, muito praticado hoje no Halloween.

Samhain para Halloween
Com o advento do cristianismo no 800s D.C., a Igreja primitiva na Inglaterra tentou “cristianizar” os festivais celtas antigos. O Papa Bonifácio IV designou o 1 de novembro como "All Saints Day", honrando todos os santos e mártires. Ele também decretou 31 de outubro como "All Hallows Eve", que eventualmente se tornou Hallow'een. Estudiosos hoje aceitam e concordam que o papa estava tentando substituir o festival pagão celta, por um feriado sancionado à Igreja. Como esta propagação feriado cristão deu certo, o nome evoluiu bem. Também chamada de All-Hallows Eve, ou All-hallowmas (do Inglês da Idade Média Alholowmesse, que significa Dia de Todos os Santos). 200 anos depois, em 1000 D.C., a igreja denominou o 2 de novembro como Dia de Finados, um dia destinado para se homenagear os mortos. Esse dia era comemorado de forma semelhante ao Samhain, com grandes fogueiras, desfiles, além do vestir-se com trajes como santos, anjos e demônios. Juntos, as três celebrações, a véspera do Dia de Todos os Santos, o Dia de Todos os Santos, e o Dia de Finados, são chamados de Hallowmas.

1 de Novembro ou 13 de Maio?
Algumas pessoas confundem o Samhain, sendo originalmente celebrado em maio, com outros feriados cristãos e pagãos.
Samhain vem da palavra gaélica samain. "Sam" - verão e "Fuin" - end. Significa literalmente extremidade do verão. As culturas Irlandesas e Britânicas acreditavam que o ano fora dividido ao meio: uma parte seria a “meia escura” (inverno); outra, a meia-luz (verão). O Samhain marcava exatamente o fim da meia-luz e o início do ano novo Celta - ou a metade escura.
De acordo com a Funk & Wagnalls New Encyclopedia (1979, Vol. 12, p.152), os Druidas (pessoas encarregadas das tarefas de aconselhamento, ensino, jurídicas, espirituais e filosóficas da sociedade Celta) originaram o feriado. Foi uma celebração da Saman Lord of the Dead, que era o Deus dos espíritos malignos. Há uma discussão em pauta até os dias de hoje a respeito do surgimento dessa “originação”, que afirmava de que os Druidas não eram os únicos pagãos ou os primeiros pagãos espirituais da Irlanda.
 Algumas das primeiras evidências arqueológicas dos Celtas vêm de suas rotas de comércio com os gregos. Sua cultura pode ser seguida com grande precisão a partir do quinto século A.C., através da cultura La Tène. A partir desses primeiros registros com os gregos, sabemos de alguns de seus grandes festivais, e em particular um de seus maiores: O Samhain, ou a celebração de Ano Novo dos Celtas. Certamente podemos obter informações de Júlio César, que escreveu extensivamente sobre os gauleses durante suas campanhas de invasão na Irlanda durante o quarto século A.C. Eventualmente, Roma fora saqueada pelos Celtas no terceiro século A.C., em torno de 390 A.C. Os romanos escreveram sobre seus habitantes guerreiros, e sobre muitas de suas comemorações bárbaras, entre elas, o Samhain. Na maior parte das comemorações, o Samhain sempre estava imerso no sangue e sacrifício. Muitas vezes, nos primórdios dos tempos, esses sacrifícios eram humanos. Os celtas afirmavam que prisioneiros gregos primeiro foram capturados durante uma batalha, e em seguida sacrificados durante o festival de Ano Novo de Samhain. No livro “História e origens do Druidismo”, Lewis Spencer escreve sobre os druidas, afirmando que queimaram suas vítimas no fogo sagrado, e que teve de ser consagrado por um sacerdote druida.
Iniciação Druida.
A confusão de maio para 1 de novembro, provavelmente vem dos festivais romanos cristãos e pagãos. O Império Romano era uma cultura pagã. Durante o seu tempo de Império, realizou muitas festas e comemorações pagãs, sendo uma delas a Festa das Lemures, no dia 13 de maio. Durante esse dia, os espíritos malévolos e inquietos dos mortos foram apaziguados e participantes do festival iriam tentar ganhar o favores dos próprios. A festa durava um período de três dias, nos quais "todos os espíritos" eram honrados com comida, bebida e sacrifício.
Ao mesmo tempo, o Papa Bonifácio IV consagrou o Pantheon, em Roma, à Santíssima Virgem e a todos os mártires. Esta data foi celebrada no dia 13 de maio, dos anos 609 e 610 D.C. O também Papa Gregório III (731-741), durante um oratório em São Pedro para as relíquias "dos santos apóstolos e de todos os santos, mártires e confessores, de todos os justos aperfeiçoados que estão em repouso em todo o mundo", mudou o Dia de Todos os Santos para 1 de Novembro.
Isto é ainda mais confuso com as igrejas irlandesas que de início não celebraram All Hallows Day em novembro ou maio, mas apenas no início da primavera, em 20 de abril durante a Felire de Oengus e o Martirológio de Talaght. A festa de Todos os Santos já foi amplamente comemorado no dia de Carlos Magno, em novembro. Mas levou um decreto por insistência do papa Gregório IV para todos os bispos, que a celebração ser confirmado em 1 de novembro.
Celebrações semelhantes a estas dos primeiros anos, passam a acontecer por volta de 835 A.D. O festival pagão romano é mais tomado pela Igreja primitiva, portanto todos os cidadãos do Então Império mudavam o seu dia dos mortos, para coincidir com a data dos pagãos irlandeses, em sua celebração de Samhain, no dia 1 de novembro.
 Não há dúvida, porém, que o festival de Samhain irlandês tem sido sempre no final do verão, em 1 de novembro, e tem sido um dos festivais de colheita mais importantes para os pagãos celtas do passado e do presente.

A evolução do Halloween
"Trick-or-treating" é uma tradição moderna, que provavelmente encontra suas raízes no início dos desfiles Dia de Finados, na Inglaterra. Durante as festividades, os cidadãos pobres imploravam por comida, e as famílias ricas davam-lhes bolos chamados "soul cakes", em troca de sua promessa de orar por parentes mortos da família. A distribuição de soul cakes foi incentivada pela igreja como uma forma de substituir a antiga prática de deixar comida e vinho para os espíritos de roaming. A prática, que era conhecido como "ir a-souling", acabou por ser tomada por crianças que visitam as casas em sua vizinhança afim de ter cerveja, comida e dinheiro.
"Vestir-se" para o Dia das Bruxas “finca” com raízes de vestir-se ao redor da fogueira sagrada durante o festival celta original. Alguns afirmam que essa prática tem origem na Inglaterra, quando se acreditava que os fantasmas voltaram para o mundo terreno no Halloween. Os indivíduos pensavam que iriam encontrar fantasmas se eles deixassem as suas casas abertas nesse dia. Para evitar ser reconhecidos, as pessoas usavam máscaras depois do pôr-do-sol, com o intuito de “causar confusão” nos fantasmas, de modo que as próprias fossem confundidos com espíritos companheiros. Além disso, esses ingleses, de início, colocavam tigelas de comida do lado de fora de suas casas, para apaziguar os fantasmas e impedi-los de tentar entrar ou causar danos às suas casas. A tradição, obviamente, tomado dos pagãos celtas antigos.
Cena do Filme "O Homem de Palha", Hammer, 1973.
Como a tradição Européia “pisou” na América, através da descoberta e colonização dos Estados Unidos da América, também foi trazida variadas tradições Halloween. A celebração do Halloween nos tempos coloniais era muito mais comum em Maryland e nas colônias do sul. Principalmente porque os imigrantes celtas se concentravam mais nessas regiões do que no norte.
Como as crenças e costumes de diferentes grupos étnicos europeus se divergiam em continente americano, uma “versão” distintamente americana de Halloween começara a surgir. As primeiras celebrações incluíam "festas de interpretação", eventos públicos realizados para celebrar a colheita, onde os vizinhos se reuniam para compartilhar histórias de mortos, de “espíritos de espíritos” de mortos, cultivavam a sorte através de cartas, danças e cantos. As festas coloniais de Halloween também contavam com a criação e tradição de histórias de fantasmas, e também de travessuras, em todos os tipos. Em meados do século XIX, as festividades anuais de outono eram comuns, mas o Halloween ainda não era celebrado em todo o país. Porém na segunda metade do século XIX, os Estados Unidos entraram numa era de misticismo, a qual foi mais frequentemente denominada espiritismo. Grupos metafísicos e clubes de sociedades secretas começaram a surgir ao longo da Corrida do Ouro, e na elite dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a América foi acolhendo um novo grupo de imigrantes, especialmente os milhões de irlandeses que fugiam da fome na batata da Irlanda, em 1846. Esta nova influência cultural trouxe consigo uma fusão de tradições irlandesas e Inglesas, com isso, uma nova cultura (a norte-americana) nascia. Pessoas começavam a se vestir com fantasias, indo de casa em casa pedindo comida ou dinheiro, prática essa que se tornou "trick-or-treat" (gostosuras ou travessuras?),  tradição de hoje. As mulheres jovens acreditavam que, no Halloween, elas poderiam adivinhar o nome ou aparência de seu futuro marido, fazendo truques com fio, aparas de maçã, ou espelhos.
No final do século XIX, houve um movimento nos Estados Unidos para moldar Halloween em um feriado mais sobre a comunidade e confraternizações na vizinhança, do que sobre fantasmas, brincadeiras, e feitiçaria. Na virada do século, festas de Halloween para crianças e adultos se tornou a forma mais comum para celebrar o dia. Parte focada em brincadeiras, alimentos da época (dos celtas), e trajes festivos (que lembrassem a cultura celta). Os pais eram encorajados pelos jornais e líderes comunitários para não levar nada "assustador" ou "grotesco" para as celebrações de Halloween. Por causa desses esforços, o Halloween perdeu a maior parte de suas conotações supersticiosas e religiosas no início do século XX.
Entre os anos 20 e 30 da grande depressão americana, no século XX, o Halloween tornou-se uma secular, porém tradicional festa comunitária, com direito a desfiles e festas espalhadas pela cidades. Apesar dos melhores esforços de muitas escolas e comunidades, vandalismos começaram a assolar celebrações de Halloween em muitas comunidades durante este tempo. Nos anos 50, os líderes das cidades tinham creditado o “sucesso” do vandalismo à festa, e o Halloween evoluiu para um feriado direcionado principalmente para o jovem. Devido ao elevado número de crianças durante o baby boom dos anos cinquenta, os participantes se mudaram mais das ruas das cidades para salas de aula ou casas, onde eles poderiam ser mais facilmente acomodadas e atendidas.
Entre 1920 e 1950, a prática secular de trick-or-treating também foi revivida. O trick-or-treating era uma forma relativamente barata para toda uma comunidade compartilhar a festa de Halloween. Na teoria, as famílias também poderiam evitar “travessuras maiores”, proporcionando às crianças da vizinhança pequenas guloseimas. Uma nova tradição americana nascera, e continua crescendo.
No final do século XX, em seus anos 90, os americanos fizeram do Halloween um dos maiores feriados comerciais. Berço da sociedade, os americanos aprenderam a lucrar com qualquer coisa. Por isso, um valor estimado de 6.900.000,00 milhões dólares anualmente são gastos com trajes de Halloween, acessórios, decorações e... Abóboras!

Samhain: Tradições
Cena do filme "O Homem de Palha", Hammer, 1973.
Para os pagãos em todo o mundo, 1 de novembro, ainda marca o início do Ano Novo. Para bruxas e pagãos, o Samhain é o festival dos mortos, e para muitos, é o mais importante Sabbat (feriado) do ano. Embora a Festa dos Mortos constitua uma parte importante da maioria das celebrações pagãs nesta véspera e no Samhain, comunicações voluntárias eram e ainda são esperados. Os falecidos nunca são perseguidos, e sua presença nunca é ordenada. Os espíritos dos mortos são, no entanto, ritualmente convidados a participar do Sabbat e a estarem presentes dentro do Círculo.

Laranja e preto
As cores deste Sabbat (feriado) são preto e laranja. O preto para representar o tempo de escuridão após a morte de Deus (que é representado pelo fogo e do sol) durante uma sabbat anteriormente conhecido como Lughnasadh (feriado esse que se homenageia o herói celta Lugh, também conhecido como o deus do Sol), e o declínio da luz durante o dia. Laranja representa a espera do amanhecer durante Yule (também é conhecido como Dia de Fionn, os 12 dias de Rebirth e o festival Midwinters; Yule é um dos festivais mais sagrados e mais comemorados do calendário celta), que vai de 21 de dezembro à 01 de janeiro, quando o Deus renasce.

Lanternas de abóbora:
Há sempre debates sobre a origem das Lanternas de abóbora. Uma linha afirma que este costume se originou a partir da iluminação de velas para os mortos a seguir como eles caminharam sobre a Terra. Estas velas foram colocadas em cabaças fora sagrados e colocou no chão para iluminar o caminho. Outros sugerem que a prática se origina a partir de um mito irlandês cristianizado a respito de um homem apelidado de "Jack Miserável". Mesquinho Jack e o diabo entraram em um pub (bar) para tomar uma bebida. Jack convence o diabo a se transformar em uma moeda para pagar as bebidas. Mas em vez de usar a moeda, Jack a colocou em seu bolso, ao lado de uma cruz de prata. A cruz impediu o diabo de se transformar de volta em sua forma original. Mas Jack libertou o diabo, sob a condição de que ele não o incomodasse durante um ano. E se Jack morresse durante aquele ano, o diabo não poderia reivindicar a sua alma. O diabo, claro, concordou com estes termos. O Jack, mais uma vez enganou o diabo. Desta vez, o diabo subiu em uma árvore para pegar um pedaço de fruta. Enquanto ele estava em cima da árvore, Jack esculpiu um sinal da cruz na casca da árvore para que o diabo não pudesse vir para baixo. Mais uma vez, Jacke e o diabo entrariam em acordo. Ele iria libertar o diabo da árvore se ele prometesse não se incomodar Jack por mais dez anos.
Abóbora.
E, caso Jack morresse durante esses anos, o diabo não iria reivindicar a sua alma. E o diabo novamente concordou com estes termos. Não muito tempo depois disso, Jack, de fato, morreu. Mas por causa de sua astúcia, Deus não permitiria que ele fosse para o céu. Para manter a sua palavra e não tomar a sua alma, o diabo também não permitiria que Jack no inferno. Em vez disso, o diabo enviou Jack para a escuridão “do mundo entre mundos” com nada mais, nada menos de um pedaço queimado de carvão. Jack colocou o carvão em um nabo esculpido e foi vagando pela Terra desde então. Os irlandeses começaram a se referir à figura fantasmagórica de Jack como "Jack da Lanterna", e então, simplesmente como "Jack O'Lantern". Irlandeses e escoceses começaram a fazer lanternas por esculpir rostos assustadores em nabos e batatas, e colocá-las em janelas ou perto de portas para espantar os maus espíritos errantes. Na Inglaterra, foram utilizados grandes beterrabas. Imigrantes provenientes desses países trouxeram a tradição para a América, onde eles encontraram a abóbora, uma fruta nativa da América, que fez as perfeitas Jack O'lanterns.

Tricks & Treats:
O trato também se originou a partir de um antigo costume de deixar biscoitos e outros alimentos para aqueles parentes desfrutarem e compartilharem na noite da festa. O 'truque', parte do "Trick or Treat", foi uma invenção dos cristãos. Os truques foram supostamente causados ​​pelos mortos que não receberam um tratamento alimentício deixado pelos vivos quando eles chegavam em suas portas.

O Contraste de Samhain e Halloween
Muitos fundamentalistas que estão incitando a ignorância e a intolerância para as comemorações do Halloween. Já não é o Dia das Bruxas um festival religioso nos EUA. Tornou-se capitalista, sendo um evento comercial, destinado ao público infantil, com o intuito de divertir crianças, com brincadeiras e vestimentas de vampiros e fantasmas, com o intuito de “tentar provocar sustos”. Tornou-se nada mais do que um feriado secular. Como Halloween, All Hallows Eve são feriados criados pelos cristãos e inventadas pelas primeiras Igrejas da Europa com o intuito de converter os pagãos ao cristianismo. As celebrações foram efetivamente tomadas a partir de práticas pagãs, mas os seus efeitos foram corrompidos, e não sendo totalmente pagãos por natureza.
Christopher Lee em cena do filme "O Homem de Palha",
de 1973, dos estúdios Hammer.
As celebrações modernas do Halloween não tiram ou alteram o significado espiritual de Samhain para os verdadeiros praticantes pagãos. Para eles, o Sabbat ainda está imerso em um conservadorismo, e é tratado como um ritual, homenageado com reverência, nos métodos tradicionais praticados pelos antigos ancestrais pagãos. Embora não se faça mais sacrifícios de animais nos dias de hoje, há alguns que vão lançar um bife em uma fogueira como um gesto simbólico. O foco principal do feriado para os pagãos é o de homenagear os entes queridos que já faleceram e partes em comunicação com eles durante este tempo quando o véu entre os mundos foi estreitado.

Traduzido e editado por Dandan Gouveia. No “dia das bruxas”.
Espero ter contribuído um pouco com o verdadeiro sentido da data.